A dificuldade e a recompensa

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“Quando jejuardes, não vos mostreis contristados como os hipócritas; porque desfiguram o rosto com o fim de parecer aos homens que jejuam. Em verdade vos digo que eles já receberam a recompensa” Mateus 6:16

O que nos move a fazer coisas difíceis? Porque em diversas situações nos colocamos a disposição para fazer coisas incomuns e que até podem nos trazer certa dor? Com certeza isso somente ocorre porque vemos algo além daquilo, pois conseguimos ver uma recompensa ou um ganho que pode ser alcançado. Por isso somos encorajados, afinal focamos tanto naquilo que queremos que perdemos até o senso de dificuldade no meio do caminho.

Uma pessoa doente e à beira da morte daria todos os seus bens para ser curado. Um pai que teve seu filho sequestrado daria tudo que fosse necessário para tê-lo de volta a salvo. Alguém que está apaixonado poderia até perder a fome de tanto pensar na pessoa amada. Sim! Somos movidos para o local onde focamos nossos olhos e nosso coração, por isso podemos tomar atitudes drásticas quando não há mais um caminho aberto.

O jejum é um exemplo. Por isso Jesus foi interrogado: “Por que motivo jejuam os discípulos de João e os dos fariseus, mas os teus discípulos não jejuam?” (Mc 2:18). Sem olhar para a resposta de Jesus, há uma pergunta: como todos sabiam que tanto fariseus como os discípulos de João jejuavam? A resposta é notória: eles não só deixavam transparecer esses atos, como também muitos podiam até “desfigurar o rosto” para parecer aos homens que estavam jejuando. Afinal o desejo maior de muitos deles estava em alcançar um reconhecimento de piedade entre os homens, e acabavam recebendo assim a sua recompensa. Entretanto Jesus instrui: “Tu, porém, quando jejuares, unge a cabeça e lava o rosto, com o fim de não parecer aos homens que jejuas, e sim ao teu Pai, em secreto; e teu Pai, que vê em secreto, te recompensará” (Mat 6:17-18).

A instrução de Jesus nos chama a reposicionar o foco dos nossos olhos, pois Ele sabe que tudo que dizermos nessa terra e que tiver somente o reconhecimento de homens, pouco valor terá. Mas tudo que fizermos para Deus, sendo Ele próprio o nosso foco, será de grande valor. Por isso a resposta que Jesus deu aos que o interrogaram sobre o jejum dos seus discípulos não poderia ser outra: “Podem, porventura, jejuar os convidados para o casamento, enquanto o noivo está com eles? Durante o tempo em que estiver presente o noivo, não podem jejuar. Dias virão, contudo, em que lhes será tirado o noivo; e, nesse tempo, jejuarão” (Mc 2:19-20).

Todos aqueles discípulos de Jesus ficariam sem o Seu mestre, e estariam sem rumo quanto às Suas vidas. Sim! Após a morte de Jesus os discípulos entraram em um grande jejum, pela falta de Cristo, por isso precisaram aprender a refocar seus olhos, não em o que iriam fazer, mas em o que Cristo queria que eles fizessem. A instrução era “unge a cabeça e lava o rosto”, e assim foi, pois Jesus lhes enviou o Espírito Santo para que os ungisse, dando não só suporte e consolo, como caminho para os seus passos. Mas também, para que pelo Espírito Santo juntamente com a Palavra de Deus, eles fossem purificados e lavados a fim de serem feitos testemunhas de Jesus.

Agora os discípulos estavam sem aquEle por quem tinham deixado tudo para O seguir, estavam em um jejum que iria até o fim de suas vidas. Mas eles não deixaram de jejuar, não deixaram de olhar para Cristo. João testemunha “Nós amamos porque ele nos amou primeiro.” (1Jo 5:19), sim! Jesus rendeu Sua vida na cruz, por um incalculável amor com que ama a todos. E também por amor, também entrou em jejum “pois vos digo que, de agora em diante, não mais beberei do fruto da videira, até que venha o reino de Deus” (Lc 22:18).

Jesus está em jejum até o dia que sua noiva, a igreja, esteja ataviada, quando serão servidas as bodas do cordeiro. Mas também todos aqueles que o amam, também estão em jejum, ansiando por essa maior recompensa, pelo casamento celestial entre Cristo e a Igreja, entre Cristo e aqueles que foram ungidos pelo Espírito Santo, entre Cristo e aqueles que foram purificados pela lavagem da Palavra (Ef 5:26), entre Cristo e aqueles que são suas testemunhas e amam a Sua vinda (2Ti 4:8).

Refoque seus desejos e pergunte: “está valendo a pena sofrer, passar dificuldades e lutar tanto por coisas que não são eternas?”. Olhe para Cristo, corra para Ele, pois ali existe uma verdadeira recompensa e um verdadeiro tesouro.

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